Há muito se fala em “novos caminhos” e “novo normal” no segmento condominial. Contudo, velhas práticas e antigos costumes ainda emperram o avanço significativo nesse campo. Infelizmente, trata-se de um setor de hábitos enraizados e modelos ultrapassados que, em sua maioria, não atendem mais às expectativas e necessidades de todos os envolvidos, os chamados “stakeholders”, e que carece de uma verdadeira transformação.

Nesse sentido, ledo engano afirmar que a necessidade de mudança veio apenas em decorrência da pandemia da Covid-19. Ela somente acelerou o processo, que há muito estava desenhado e já vinha sendo sinalizado com muita clareza no setor. A permanência prolongada dos moradores em suas residências evidenciou a percepção de todos, a de que sem uma gestão com direcionamento, a deterioração e a desvalorização do patrimônio seriam o desfecho da maioria das gestões.

Vale ressaltar que nem mesmo gestores profissionais, contratados, souberam efetuar estratégias e alternativas que atendessem um momento tão especial, devido à falta de uma gestão planificada. Foi, então, um momento em que se exigiu compreensão e conhecimento para direcionar os trabalhos.

A crise sanitária e esse tempo mais prolongado dos moradores em seus lares trouxe alguns indicadores estratégicos, como maior preocupação com segurança, maior exigência de conforto nas áreas de lazer, preocupações com a saúde dos condôminos e usuários dos equipamentos, maior alerta acerca da elevação de atritos de convivência, entre muitos outros, o que nos deu o sinal inconteste de que ele, o novo, chegou!

Por essa razão, todos que atuam nesse volátil segmento, tão representativo e tão significativo da vida econômica do país, precisam entender o “core” (a essência) do nosso “business”, que é, como em qualquer outra atividade econômica, criar valor para o cliente. Nessa situação, para os moradores.

Como agentes da mudança, precisamos de preparo e competência. Entretanto, deve-se saber que tais virtudes não garantem uma gestão eficiente se o conhecimento também não for colocado em ação. A prática, afinal, é fundamental e, na maioria das vezes, exige coragem. Coragem, por exemplo, para dizer que o cliente nem sempre tem razão, e isso pode acontecer em inúmeras ocasiões.

Agora, a coragem não atua ou não deve atuar isoladamente. Ela deve estar amparada em dados concretos do condomínio, o contratante e tomador do serviço, e não apenas em suposições ou comparações.

É preciso lembrar que a gestão concilia múltiplos interesses. Ter em mente uma gestão com eficiência que busque resultados. A correta precificação de cada passo da vida condominial, nos custos e na valorização, passa por demonstrativos claros que desafia, na maioria das vezes, o entendimento do leigo.

Sem dúvidas, a atividade de gestão condominial vivenciou e segue vivenciando uma acelerada expansão, claramente observada pela urbanização e verticalização das moradias em todo país. Tal crescimento traz oportunidades, mas também novas necessidades. Tenhamos, assim, a consciência de que nossa atividade vai além das fronteiras dos muros das edificações. Ela implica em forte impacto social.

Como especialista, para mostrar conhecimento, diria que novos tempos necessitam de indicadores de desempenho e processos (BI e KPI). Mas, na realidade, com tantas ferramentas e tecnologia hoje disponíveis e aplicáveis no segmento da gestão condominial, o que realmente precisamos saber como agentes dessa transformação, é o que há mais de 70 anos, o atualíssimo pai da administração moderna, Peter Drucker, já nos ensinava: que depende de nós, pois “Nenhuma empresa é melhor do que seu administrador permite”.