Viver em condomínio tem exigido cada vez mais preparo emocional e habilidades de convivência. Um levantamento exclusivo realizado pelo portal Terra, com base em dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, revela que os casos de violência em condomínios da capital aumentaram 32% nos últimos cinco anos.
Somente entre janeiro e julho de 2025, foram 1.952 ocorrências registradas em delegacias da cidade – quase o dobro do que foi registrado no mesmo período de 2020 (985 casos). No total, mais de 9 mil casos de violência em condomínios foram contabilizados desde 2020, uma média de cinco por dia.
Principais tipos de violência condominial
Injúria (ofensas verbais)
As ofensas entre moradores têm sido cada vez mais comuns. Os números cresceram de forma acentuada durante a pandemia e continuam altos:
-
2020: 496 casos
-
2021: 549
-
2022: 916
-
2023: 686
-
2024: 605
-
1º semestre de 2025: 711 (alta de 43,3% em relação à média anterior)
Lesão corporal (agressões físicas)
Casos de agressão física também seguem em alta:
-
2020: 272
-
2021: 331
-
2022: 740
-
2023: 701
-
2024: 717
-
2025: 941 (aumento de 31% em relação ao ano anterior)
Calúnia e difamação
Também cresceram os registros de crimes contra a honra:
-
2025: 136 casos de calúnia e 159 de difamação
Especialistas apontam causas da escalada de conflitos
Para a psicanalista Cintia Castro, a pandemia de COVID-19 teve papel decisivo no aumento da intolerância e no desgaste das relações interpessoais. O isolamento, o convívio intenso e a falta de preparo emocional agravam os atritos em ambientes coletivos.
Já o presidente da Assosíndicos-SP, Renato Daniel Tichauer, destaca que o cenário pós-pandêmico também trouxe mais tensões. Ele orienta que os síndicos invistam em ações preventivas, como:
-
Campanhas educativas e palestras sobre convivência
-
Orientação jurídica clara sobre regras e penalidades
-
Judicialização de casos graves envolvendo moradores antissociais
Como os condomínios podem reagir?
Com a crescente judicialização e aumento da violência, síndicos e administradoras precisam estar atentos:
-
Revisar o regimento interno e a convenção do condomínio
-
Fortalecer os canais de comunicação com os moradores
-
Investir em mediação de conflitos
-
Registrar boletins de ocorrência quando necessário
A “pandemia de conflitos” dentro dos condomínios é um reflexo de um cenário social mais amplo. Mais do que nunca, a boa convivência exige diálogo, empatia e ações concretas de gestão.
Fonte: Portal Terra