Uma mulher foi agredida pelo ex-marido e pela atual namorada dele no hall do prédio onde mora, em Jardim São Paulo, Zona Oeste do Recife. O episódio ocorreu na última quarta-feira, 3 de setembro, e foi registrado por câmeras de segurança do condomínio. Dois momentos registrados nas imagens são especialmente chocantes: o filho mais velho, de 9 anos, com microcefalia, e a filha caçula, de 1 ano e 10 meses, presenciaram toda a cena de violência.
O caso está sendo investigado pela Delegacia da Mulher de Santo Amaro e foi registrado como vias de fato por violência doméstica e familiar. A vítima, Bárbara Ferreira, relatou que foi casada com o agressor por 16 anos. Segundo ela, o homem já apresentava comportamento violento mesmo antes do fim do relacionamento, situação que se agravou em razão de sua dependência química. A internação dele em uma clínica de reabilitação foi motivada por esse histórico de violência e pelo desejo de preservar a família. Na ocasião da internação, ele já havia agredido Bárbara.
No dia da agressão, Bárbara identificou que a atual companheira do ex-marido estava no carro, dentro do condomínio, o que descumpria um acordo entre eles. A partir disso, iniciou-se um desentendimento no estacionamento. Em seguida, as câmeras de segurança captaram o momento em que Bárbara retorna ao hall do prédio e é empurrada pelo ex-companheiro, que estava com a filha mais nova nos braços. Logo depois, a atual namorada entrou no local e passou a agredir Bárbara fisicamente. Durante toda a confusão, o ex-marido tentou separá-las, empurrando a ex-esposa diversas vezes. Os filhos, visivelmente expostos, assistiram à cena sem poder escapar.
Após o ocorrido, Bárbara procurou a delegacia, onde registrou boletim de ocorrência, realizou exame de corpo de delito e solicitou uma medida protetiva. Ela relatou ter sofrido ameaças de morte e diversas lesões físicas, como hematomas, escoriações nas costas e arranhões no pescoço. Os filhos também foram afetados emocionalmente. O menino com microcefalia apresentou crises convulsivas após o episódio e teve dificuldades para dormir. A bebê demonstrou sinais de insegurança, recusando-se a sair do colo da mãe.
Além da violência física e psicológica, Bárbara afirmou estar enfrentando pressões financeiras e emocionais. Ela declarou que depende economicamente da família do ex-marido, especialmente da sogra, que teria condicionado o apoio financeiro à retirada da queixa e à exclusão dos vídeos que registraram a agressão. Mesmo emocionalmente abalada, Bárbara explicou que precisa continuar cuidando dos filhos e que se vê em uma situação de vulnerabilidade agravada pela dependência financeira e pela violência sofrida.
Reflexos para a vida condominial
Casos como esse acendem um alerta para a importância de os condomínios estarem preparados para lidar com episódios de violência doméstica que se manifestam nos espaços comuns dos empreendimentos residenciais. A presença de moradores, visitantes ou familiares em situação de conflito requer atenção, preparo e protocolos bem definidos.
É fundamental que as administradoras de condomínios adotem medidas de prevenção e protocolos para intervenção rápida, sempre resguardando a segurança de todas as partes envolvidas. Os síndicos, por sua vez, devem contar com suporte jurídico e orientações claras sobre como proceder diante de situações de violência ou conflito no ambiente condominial.
Também é necessário garantir a existência de canais seguros e sigilosos para que moradores possam denunciar casos de violência, especialmente quando envolvem pessoas em situação de vulnerabilidade. A convivência comunitária precisa ser protegida, e o condomínio deve ser um espaço de acolhimento, respeito e segurança para todas as famílias.