Porto Alegre enfrenta um caso grave de irregularidades no setor imobiliário. O síndico de um condomínio no bairro Petrópolis denunciou que Almir Vasques, proprietário de uma imobiliária recentemente preso, tentou suborná-lo ao ser descoberto investigando atrasos em contas do condomínio. A investigação aponta que o esquema pode envolver mais de 10 condomínios e prejuízos superiores a R$ 5 milhões.
Segundo o síndico Radael Fernandes, a tentativa de suborno ocorreu após ele identificar atrasos nas contas de água:
“Tentei contestar uma cobrança e percebi que nenhuma conta de água tinha sido paga em 2024, mesmo com os pagamentos feitos pelos condôminos à imobiliária. Ele [Almir] disse que estava tudo pago, mas não havia comprovantes. Em seguida, tentou me subornar, oferecendo quitar meu condomínio, o que recusei imediatamente.”
A investigação conduzida por Fernandes revelou que, além das contas de água, o condomínio acumulou R$ 13 mil em prejuízos adicionais, envolvendo gás, fundo de reserva e verbas trabalhistas, desde a troca de administradora no início deste ano. O síndico também denunciou que Almir tentava impedir a mudança de gestão e não fornecia os demonstrativos contábeis obrigatórios, dificultando qualquer verificação de despesas e receitas do condomínio.
Ainda de acordo com Fernandes, o comportamento do proprietário da imobiliária não se restringia ao seu condomínio. Documentos e relatos indicam que ele atuava de maneira semelhante em outros prédios sob sua administração, atrasando pagamentos, omitindo comprovantes e dificultando a prestação de contas. Esses indícios reforçam a suspeita de gestão irregular em série em diversos condomínios da capital gaúcha.
A Polícia Civil informou que Almir Vasques permanece preso e responderá por apropriação indébita, estelionato e lavagem de dinheiro. Em depoimento informal, ele negou a prática de crimes, alegando que houve “má gestão do dinheiro” e que pretende devolver os valores desviados.
O delegado Juliano Ferreira detalhou que existem registros de irregularidades em condomínios nos bairros Petrópolis, Higienópolis, Jardim do Salso e Santana, com prejuízo total estimado em mais de R$ 5 milhões. Segundo ele, os indícios indicam que a gestão foi marcada por atrasos, subtração de recursos e tentativas de obstruir auditorias, o que caracteriza crime contra o patrimônio coletivo dos condôminos.
Especialistas em gestão condominial e direito imobiliário destacam que casos como esse reforçam a importância de transparência, fiscalização e auditorias periódicas. Síndicos e administradoras devem exigir comprovantes de pagamento, controle rigoroso de contas de água, gás, fundo de reserva e verbas trabalhistas, além de registrar todas as assembleias e decisões tomadas, prevenindo fraudes e protegendo os moradores.
O episódio serve como alerta para síndicos, conselhos e condôminos: a governança e a prestação de contas não são apenas boas práticas, mas ferramentas essenciais para evitar prejuízos e garantir segurança financeira em condomínios.





