As cidades e suas edificações estão no centro da crise climática. Globalmente, os prédios representam uma parcela expressiva do consumo energético e das emissões de gases de efeito estufa. No Brasil, estima-se que quase metade da energia elétrica consumida esteja ligada à climatização, ventilação, iluminação e abastecimento de espaços residenciais e corporativos.
A transformação desse cenário passa por repensar a forma como projetamos e operamos os edifícios urbanos. E, nesse contexto, a tecnologia tem papel determinante: sistemas de automação e gestão inteligente permitem que a operação de prédios seja mais eficiente, sustentável e saudável para seus ocupantes.
De acordo com Neove Pipper, especialista de sistemas em gestão predial, a inovação já permite mudar completamente a forma como as cidades consomem energia.
“A tecnologia nos permite sair da gestão reativa para decisões proativas. Com sensores e automação, é possível monitorar em tempo real o uso de energia, água e climatização, reduzindo desperdícios e acelerando a transição para um futuro de baixo carbono”, explica Pipper.
Eficiência e bem-estar no mesmo projeto
A eficiência energética é apenas parte da transformação. A pandemia de COVID-19 reforçou a importância da qualidade do ar e da ventilação adequada dentro dos edifícios. Hoje, sensores que acompanham temperatura, umidade e pureza do ar são aliados na criação de ambientes mais saudáveis e produtivos.
“Um hospital é um bom exemplo. Pequenas variações na qualidade do ar ou na temperatura podem afetar diretamente a saúde dos pacientes. Com tecnologia de automação, é possível garantir o conforto térmico e a segurança, sem desperdício de energia”, complementa o executivo.
A mesma lógica se aplica a escolas, escritórios e centros comerciais, onde conforto e eficiência precisam caminhar juntos.
A oportunidade brasileira
O avanço da automação vai além dos prédios individuais. Aplicadas em escala urbana, as tecnologias de gestão inteligente podem transformar a infraestrutura das cidades — otimizando iluminação pública, controle hídrico, mobilidade e planejamento energético.
Com o crescimento acelerado dos centros urbanos, o Brasil tem uma oportunidade única de investir em infraestrutura inteligente agora, evitando custos maiores e impactos ambientais mais graves no futuro.
Responsabilidade compartilhada
Apesar do potencial, Pipper reforça que tecnologia sozinha não é suficiente. É preciso coordenação entre diferentes esferas da sociedade:
“A transição para comunidades livres de carbono exige alinhamento entre políticas públicas, empresas e cidadãos. Não é apenas uma questão tecnológica, mas cultural, precisamos repensar como usamos a energia e como planejamos os espaços urbanos”, afirma.
Ao adotar sistemas de automação predial e soluções inteligentes de energia, cidades podem ir além de ganhos pontuais e alcançar transformações estruturais. O desafio é grande, mas, segundo o especialista, o potencial é ainda maior.
“As escolhas que fazemos hoje moldarão a vida coletiva no futuro. A automação é a ponte entre o presente e o modelo de cidade sustentável que queremos construir”, conclui Pipper.





