Em algumas das regiões mais valorizadas de São Paulo, como Jardins, Higienópolis e Moema, prédios construídos nas décadas de 1970 e 1980 vêm enfrentando um problema crescente: a desvalorização causada pelas altas taxas de condomínio. Apesar de estarem em áreas nobres e contarem com apartamentos espaçosos, esses empreendimentos antigos perdem competitividade no mercado imobiliário devido ao aumento dos custos fixos de manutenção.
De acordo com dados da plataforma imobiliária Loft, os edifícios com os condomínios mais caros da cidade são, em sua maioria, os mais antigos. Esse fator tem afastado tanto compradores quanto locatários, que cada vez mais consideram o custo mensal do condomínio como critério decisivo na hora de fechar negócio.
Esses prédios tradicionais costumam oferecer áreas comuns amplas e bem equipadas, piscinas, quadras, saunas e salões de festa são comuns nesses projetos. Porém, toda essa infraestrutura implica em manutenção constante e, muitas vezes, cara. Como essas construções abrigam poucas unidades por edifício, os custos são rateados entre menos moradores, elevando significativamente a taxa condominial por apartamento.
Em contrapartida, os novos empreendimentos costumam ter plantas menores e um número bem maior de unidades, o que permite diluir as despesas e reduzir o valor por morador. Além disso, projetos mais modernos trazem soluções tecnológicas que otimizam a gestão e reduzem os gastos operacionais, algo ainda raro nos prédios mais antigos.
Para o mercado, esse cenário representa um desafio. A valorização dos imóveis depende não só da localização e metragem, mas também da eficiência na gestão condominial e da atratividade das despesas fixas. O custo do condomínio, que antes era visto como secundário, agora tem peso relevante nas decisões de compra ou locação.
O papel do síndico é fundamental
Diante desse contexto, síndicos e administradoras de condomínios enfrentam a missão de tornar os prédios antigos mais competitivos. Isso passa por planejamento financeiro rigoroso, revisão de contratos de manutenção, modernização de áreas comuns e busca por soluções sustentáveis que reduzam gastos.
Especialistas defendem também a importância da transparência com os condôminos e da participação ativa nas decisões de investimento. Em muitos casos, melhorias como troca de sistemas de iluminação, automação predial e readequação de espaços podem ajudar a reduzir despesas e aumentar a percepção de valor dos moradores e interessados.
Tendência do mercado
O que se observa hoje é uma clara mudança no perfil de consumo no setor imobiliário. Os novos compradores, cada vez mais atentos aos custos de longo prazo, têm optado por prédios que ofereçam praticidade, eficiência e economia. Com isso, imóveis em prédios antigos, mesmo bem localizados, acabam sendo preteridos se o condomínio for considerado alto demais.
Para quem administra esses edifícios, a lição é clara: manter o valor do imóvel exige mais do que boa localização e metragem generosa. É preciso investir em gestão estratégica e adaptação à nova realidade do mercado.
Fonte: Estadão