Poucos pontos são tão unânimes para quem opta por morar em condomínio: a segurança, é, com certeza um dos fatores que une as pessoas que escolheram esse tipo de moradia.
E, com este ano de pandemia que se encerrou, os moradores ficaram muito mais em suas unidades – e bem mais atentos, também, à segurança do seu lar.
É difícil encontrar, hoje, nos grandes centros urbanos, condomínios de qualquer espécie sem um mínimo aparato de segurança. Porém, não são tão raros assim os empreendimentos com sistemas do tipo que deixam a desejar.
“É muito difícil um síndico escolher, sozinho, um bom sistema de segurança. Porque é algo bastante complexo, que pede um olhar de especialista”, assinala José Elias de Godoy, diretor da Suat, empresa especializada em segurança condominial e patrimonial.
Principais erros ao contratar sistemas de segurança
Uma das principais dificuldades quando se está procurando uma atualização para a segurança do condomínio é a infinidade de soluções, empresas e equipamentos para este fim.
“O primeiro passo para uma contratação acertada é saber diferenciar quem vende sistemas (equipamentos) de quem faz um projeto de segurança para o condomínio”, conceitua Jorge Lordello, especialista em segurança.
Isso porque pode haver um descompasso entre a real necessidade do condomínio por equipamentos e a necessidade de venda dos mesmos.
“Aí, pode acontecer da empresa querer ‘empurrar’ mais câmeras do que o condomínio precisa”, analisa Lordello.
Outro ponto importante é que nem sempre a empresa que entende da montagem de sistemas de segurança entende do tema de uma forma global.
“Segurança não é apenas equipamentos, tem muitas outras coisas por envolvidas. Cuidados com o perímetros, iluminação, por exemplo. Nem tudo é CFTV e alarmes, precisa ter um olhar holístico para o condomínio”, ensina.
Ou seja: não adianta o síndico orçar, com uma empresa que faça a montagem de CFTV e alarme, melhorias para as áreas comuns do condomínio. O mais indicado é buscar um especialista que cuide somente da parte do projeto, para, assim, desenvolver um plano customizado para aquele cliente, com base na sua cultura, costumes e necessidades.
Mesmo assim não sendo a parte mais complexa do projeto, o cuidado com os equipamentos também deve ser levado em conta.
Como são itens que são muito usados ( já imaginou quantas vezes o portão da garagem do seu condomínio abre e fecha em um só dia), é importante que a manutenção dos equipamentos já esteja contemplada no contrato de prestação de serviços.
Cultura de segurança
E é justamente este ‘olhar holístico’ que é tão importante ao desenvolver um projeto de segurança para condomínios, já que outro grande desafio é justamente a mudança de hábitos dos condôminos.
“Mudar a cultura de um local é sempre difícil, e especialmente em condomínio, que é a casa da pessoa”, pesa Elias de Godoy.
E este é outro ponto que o síndico deve considerar. Como mudanças na segurança devem impactar nos hábitos dos moradores, é mais indicado que eles participem da tomada de decisão, de forma a evitar que se sintam apenas obrigados a cumprir novas regras.
O ideal é que, ao aprovar novas medidas de segurança, as mesmas sejam referendadas em assembleia. Também deve-se pesar a necessidade de multas para aqueles que, deliberadamente, infringirem o novo regramento.
“É importante que as normas existam e que existam punições para quem achar que, numa coletividade, está acima delas”, aponta Lordello.
Esse tipo de sanção pode ajudar, inclusive, os funcionários a trabalharem com mais tranquilidade.
“Quando as regras estão claras, fica mais difícil um condômino reclamar, por exemplo, que o porteiro pediu autorização da unidade antes de liberara entrada de uma senhora da família dele”, exemplifica.
Portaria virtual
Outra novidade que conversa bastante com segurança e mudança de cultura no condomínio são as portarias virtuais ou remotas.
Aliando aumento de segurança e diminuição dos gastos com portaria, esse formato de serviço está cada vez mais presente nos grandes centros urbanos.
Seu funcionamento é simples: Após equipar o condomínio com abertura e fechamento remoto de portões, câmeras com vídeo e voz em pontos estratégicos, as entradas do condomínio são operadas por uma central – já que o local não conta mais com porteiros.
Outros funcionários, porém, como zelador e encarregados da limpeza, são mantidos para o dia a dia do condomínio.
Para os moradores do condomínio, há diversas opções para substituir o porteiro, como tags, QR Codes, e biometria, garantindo assim a autonomia para quem reside e trabalha no local, entrar e sair sem a necessidade de ajuda da central.
Mas nem uma mudança tão complexa – e cara – de equipamentos se compara ao desafio que é a mudança de hábitos dos moradores.
“Colocar os equipamentos é a parte mais fácil. Muito mais difícil é implementar uma nova cultura no condomínio”, assinala André Brito, diretor da ProShield, empresa especializada em portaria virtual.
Isso porque muita gente, por mais ou menos tempo, vai estranhar a portaria vazia.
“É um processo que pode demorar um pouco, mas que, se for feito corretamente, pode trazer benefícios para o condomínio”, explica Elias de Godoy.
Confira abaixo algumas dicas para escolher este tipo de serviço para o seu condomínio:
– Link dedicado: todo o serviço é prestado de forma remota, e, para que isso seja possível, é fundamental contar com uma internet de boa qualidade. Aposte em empresas que usam link dedicado, com menos possibilidade de que o serviço seja interrompido por uma chuva, por exemplo;
-SLA definido: E por falar em problemas com internet e outros percalços, para esse tipo de situação é fundamental que o prestador de serviço conte com SLA (Service Level Agreement ou Acordo de Nível de Serviço) bem claro. Por exemplo: acabou a luz, ou o portão quebrou. Em quanto tempo a empresa vai mandar alguém para o seu condomínio, para fazer o controle de acesso? Pesar esse tipo de assistência é fundamental;
– Gerador de energia: É comum que a empresa aconselhe o condomínio a fazer algumas alterações. Poder contar com um gerador de energia em um momento de queda de energia, por exemplo, mesmo que só para portões e garagem, pode fazer a diferença;
-Procedimentos claros: Como já foi exposto, os cuidados com os hábitos a serem formados em termos de segurança também devem ser grandes. Dessa forma, a empresa deve ser sempre o exemplo para seus clientes, evitando ao máximo fugir do procedimento padrão;
-Implantação: Outro ponto de maior convergência com os moradores é o período de implantação do serviço, em que a infraestrutura do condomínio sofre diversas alterações. É fundamental que antes e durante a implantação do serviço, a empresa esteja sempre municiando os moradores do que será feito e como, de forma a já prepará-los para a mudança de cultura no condomínio;
– Equipe focada em certos empreendimentos: Quando uma certa equipe cuida de certos empreendimentos, consegue prestar um serviço mais acurado, uma vez que fica mais habituado àquele condomínio e conhece melhor suas especificidades;
– Manutenção preventiva no pacote: A empresa de portaria virtual deve ser a responsável não apenas por reparos nos equipamentos, mas também por cuidar preventivamente dos mesmos, evitando problemas nos mesmos e na sua prestação de serviços.