O mercado imobiliário do Rio de Janeiro tem mostrado uma nova tendência: os chamados condomínios nichados, voltados para públicos específicos como idosos, comunidade LGBTQIA+ e evangélicos. Esses empreendimentos se diferenciam por reunir moradores com características ou interesses semelhantes, proporcionando um ambiente de acolhimento, pertencimento e segurança.
Idosos: independência com suporte especializado
Na Barra da Tijuca, o Cora Premium Península oferece moradia exclusiva para pessoas com mais de 65 anos. Inaugurado em 2022, conta com suítes adaptadas, flats, áreas de fisioterapia, hidroterapia, cozinha profissional, segurança 24 horas e equipe de enfermagem.
Atualmente, o residencial abriga 40 moradores fixos. Segundo o diretor médico Felipe Vecchi, o modelo vai além de uma casa de repouso: permite que o idoso viva de forma independente, mas com suporte constante. Os custos mensais giram em torno de R$ 18 mil.
Condomínios com identidade religiosa
Na Baixada Fluminense, empreendimentos voltados para o público evangélico também ganham força. O Residencial Reserva da Paz, construído em 2019 em Nova Iguaçu, possui praças temáticas e espaços de oração. Já o Residencial Clube Manancial da Fé, em construção, contará com 22 blocos inspirados em cidades de Israel e uma área verde voltada à meditação e espiritualidade.
Segundo o incorporador Alcindo Plácido, embora a inspiração seja cristã, os imóveis estarão abertos a moradores de diferentes crenças.
Inclusão e diversidade na Zona Sul
Já em Copacabana, no mesmo endereço onde funcionou a boate Barbarella, está em fase final de construção um condomínio voltado ao público LGBTQIA+. O edifício, com investimento de R$ 20 milhões, terá estúdios, apartamentos e uma cobertura, disponíveis para locação por períodos curtos.
De acordo com o incorporador Douglas Drumond, a proposta é oferecer um espaço livre de preconceitos, onde cada morador possa se sentir verdadeiramente à vontade.
Tendência do mercado
Para especialistas, o envelhecimento da população e a busca por pertencimento devem impulsionar cada vez mais esse modelo de moradia. Cláudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio, lembra que a tendência de segmentação já existe em bares, eventos e restaurantes, e agora chega ao setor imobiliário.
No entanto, especialistas alertam que, mesmo nesses projetos, é fundamental respeitar as leis antidiscriminatórias e garantir uma convivência baseada na diversidade e na igualdade.
Fonte: Jornal O Globo