Um condomínio localizado em Mossoró (RN) tornou-se palco de um intenso conflito entre moradores após a decisão de remover cerca de 60 gatos das áreas comuns do residencial. A medida, aprovada em assembleia sob a justificativa de questões de saúde pública, provocou divergências internas, denúncias de falta de transparência e uma disputa que agora chegou à Justiça.
A proposta, aprovada por maioria, prevê a contratação de uma empresa especializada para a captura dos animais e o envio dos felinos a uma ONG na cidade de Apodi, no interior do estado. O custo total estimado para a operação é de R$ 98 mil, valor que inclui transporte, assistência veterinária e acolhimento temporário.
De acordo com Gutemberg Dias, presidente da Associação de Moradores, o processo foi conduzido de forma regular e teve como base preocupações sanitárias.
“A decisão é coletiva e atende a uma necessidade de saúde pública. Tivemos registro de até 80 gatos circulando diariamente pelo condomínio, o que já vinha gerando reclamações e riscos à higiene do local”, afirmou.
Entretanto, parte dos moradores contesta tanto o destino dos animais quanto a condução administrativa do processo. Para a moradora Dayseanne Falcão, há falta de transparência e risco ao bem-estar dos felinos.
“Essa ONG tem denúncias graves, inclusive de mais de 1.300 animais mortos no local. Não podemos aceitar que os gatos sejam removidos nessas condições”, declarou.
O grupo contrário à transferência afirma ainda que as empresas inicialmente apresentadas para o serviço desapareceram do processo, e que a escolha da instituição de acolhimento não passou por votação com o mesmo nível de debate.
Por outro lado, a advogada Isabel Fernandes, que acompanha a gestão condominial, rebate as acusações e defende a legalidade das medidas adotadas.
“Estamos cumprindo protocolos técnicos e legais. A remoção será acompanhada por profissionais e visa garantir a integridade dos animais e a segurança sanitária dos moradores”, explicou.
Com o impasse, o caso foi levado ao Poder Judiciário, que deverá analisar a legalidade da assembleia e o cumprimento das normas de proteção animal. A disputa reacende um debate cada vez mais comum nos condomínios brasileiros: como conciliar saúde pública, bem-estar animal e decisões coletivas.
Nos últimos anos, o tema dos animais comunitários tem ganhado destaque em diversas cidades do país, com projetos de lei que buscam regulamentar a convivência entre moradores e animais sem tutor fixo em áreas residenciais. O caso de Mossoró reforça o desafio de equilibrar interesse coletivo, empatia e transparência na gestão condominial.
Enquanto a decisão judicial não é publicada, a situação permanece indefinida. Moradores favoráveis e contrários seguem mobilizados, e os gatos continuam no centro de uma disputa que ultrapassa os muros do condomínio, envolvendo questões éticas, administrativas e sociais.
Fonte: TCM Notícias





