Desde que Jair Bolsonaro passou a cumprir prisão domiciliar em 4 de agosto de 2025, no Solar de Brasília, localizado no Jardim Botânico (DF), a rotina pacata do residencial foi abruptamente interrompida. O episódio ganhou repercussão nacional, destacando os desafios para síndicos e moradores que lidam com segurança, ordem e convivência em contextos excepcionais.
Manifestação e conflito na portaria
No reinício do julgamento do ex-presidente no STF, em 2 de setembro, o condomínio foi palco de protestos: foi erguido um boneco de mais de 3 metros vestido de presidiário com a frase “Bolsonaro na cadeia”, inflado por integrantes do MTST. A provocação gerou irritação nos moradores, resultando em briga que exigiu a intervenção da polícia, ninguém saiu ferido.
No dia anterior (1º de setembro), ocorreu uma vigília liderada por apoiadores, e em 2 de setembro houve nova manifestação com trio elétrico e a presença de figuras públicas do PL, como Zé Trovão, Gustavo Gayer, André Fernandes e Gilvan da Federal.
A pastora Lili Carabina, nome frequente nos atos, informou que as vigílias ocorreriam diariamente durante os julgamentos, com momentos de oração alternados entre 11h e 20h.
Drones, grupos de WhatsApp e o pedido de expulsão
O fluxo constante de manifestações motivou a administração do condomínio a emitir comunicados para coibir o uso de drones, o sobrevoo não autorizado passou a ser classificado como possível invasão de privacidade. A equipe de segurança recebeu orientações para identificar os operadores e registrar ocorrências.
Um grupo de WhatsApp entre moradores manifestou insatisfação com a situação, incluindo discussões sobre uma eventual expulsão de Bolsonaro do condomínio. Especialistas apontam que tal medida só seria possível por meio de assembleia, com convocação apoiada por ¼ dos condôminos e aprovação por ¾ deles, seguida de decisão judicial, processo complexo e de difícil concretização.
Impactos diretos na convivência e segurança
A presença policial aumentou significativamente na região, carros e visitantes passaram a ser revistados sistematicamente, impactando a rotina dos moradores. A retomada do julgamento, prevista para 10 de setembro, deve intensificar ainda mais os movimentos no entorno, aumentando os desafios para gestão condominial e segurança coletiva.
Reflexões para a gestão condominial
O episódio no Solar de Brasília revela, em escala nacional, o quanto eventos externos podem afetar a convivência, a segurança e o equilíbrio dentro de condomínios, especialmente quando moradia de personalidades públicas gera mobilização política e midiática.
Para síndicos e administradores, a situação evidencia a importância de:
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Protocolos claros para recebimento de visitas incomuns e controle rigoroso de acessos;
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Comunicados eficientes para orientar moradores sobre situações excepcionais;
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Gestão de crises e mediação de conflitos, incluindo o controle de drones e de manifestações;
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Conhecimento das possibilidades legais em casos de condôminos com comportamento potencialmente disruptivo.
Fonte: Poder360