Escrevi alguns livros em coautoria com o médico Dr. Lair Ribeiro, e uma de suas frases sempre me marcou profundamente:
“Tem muita gente que não está doente, mas não tem saúde.”
Essa reflexão é tão verdadeira quanto preocupante. Muitas pessoas aparentam estar saudáveis, mas, por não adotarem hábitos preventivos — como boa alimentação, atividade física e controle do estresse —, estão vulneráveis a doenças graves que podem surgir de forma inesperada.
O mesmo raciocínio se aplica diretamente à área da segurança pessoal e patrimonial, especialmente no contexto dos condomínios residenciais.
A Ilusão da Tranquilidade
É comum que síndicos e moradores deixem de investir em segurança com base em dois argumentos bastante recorrentes:
1) “Nosso prédio é tranquilo. Nunca tivemos problemas com bandidos.”
Esse pensamento é perigoso. A tranquilidade de hoje não garante a segurança de amanhã. O Brasil tem enfrentado uma onda crescente de violência impulsionada, entre outros fatores, pela crise econômica e pelo avanço do tráfico de drogas.
Em 26 de novembro de 2016, a Folha de São Paulo trouxe a seguinte manchete:
“Roubos explodem em todas as regiões do país, e governos culpam crise.”
Diante desse cenário, é válido perguntar: será que os mesmos moradores que evitam investir em segurança também deixaram de contratar o seguro de seus veículos? Provavelmente não.
2) “Já temos algumas câmeras no prédio, isso basta.”
Aqui mora um dos maiores equívocos. Câmeras instaladas de forma aleatória, sem um estudo técnico de vulnerabilidades, não oferecem uma proteção real. Da mesma forma, apenas colocar um vigilante na portaria não garante um ambiente seguro.
Segurança não é sorte, é planejamento
Para que um condomínio realmente atinja um bom nível de proteção, é necessário ir muito além de medidas paliativas. Um projeto de segurança eficaz deve contemplar:
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Treinamento e capacitação contínua dos funcionários
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Supervisão ativa e resposta rápida a ocorrências
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Proteção perimetral inteligente e instalação estratégica de câmeras
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Manutenção constante dos equipamentos físicos e eletrônicos
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Normas e procedimentos claros para moradores, visitantes, prestadores e entregadores
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Monitoramento das imagens e sinais de alarme em tempo real
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Ações educativas de conscientização para toda a comunidade condominial
Falsa segurança: o verdadeiro perigo
Segurança é — e continuará sendo — uma das principais preocupações dos brasileiros. Por isso, ela não pode ser tratada como gasto supérfluo ou adiada indefinidamente.
O grande risco é acreditar que “está tudo bem”, quando na verdade, o condomínio está vulnerável. A falsa sensação de segurança é mais perigosa que a própria insegurança. É como diz o velho ditado:
“Me engana que eu gosto.”
É o mesmo tipo de ilusão que vemos em frases como:
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“Meu avô fumava desde os 15 anos e morreu com 85.”
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“Andar de moto não tem perigo, eu sou cuidadoso.”
A realidade é clara: o cigarro mata e a motocicleta, mesmo quando pilotada com cuidado, envolve riscos altos, especialmente num país onde as leis de trânsito muitas vezes não são respeitadas.
Conclusão
Viver em um local inseguro já é ruim. Mas acreditar que se está protegido quando não há um sistema efetivo de segurança é ainda pior. É preciso abandonar o comodismo e investir de forma inteligente, com apoio técnico, para garantir a tranquilidade de todos.
Segurança de verdade exige atitude, planejamento e, acima de tudo, consciência.