Moradora registrou boletim de ocorrência, mas não há informação de autoria; condomínio informou que considera a situação lamentável
Uma mulher foi vítima de racismo em um condomínio da região central de Americana. Elaine de Moura Pereira, de 47 anos, foi atingida por água sanitária vinda da janela de um dos apartamentos enquanto estava na parte externa do prédio. O caso aconteceu na última semana de fevereiro, no Edifício Capri, onde mora a mulher.

A vítima registrou um boletim de ocorrência denunciando a injúria racial, que não teve autoria reconhecida até o momento.
Segundo Elaine, ela estava na escadaria em frente ao condomínio após realizar um atendimento, quando foi surpreendida pelo líquido.
“Eu estava na frente do meu prédio, na escadaria. Enquanto eu estava sentada, senti como se estivesse chovendo e me assustei, um cheiro muito forte. Eu levantei o olhar e vi a minha vizinha assustada e a água continuando a cair”, disse ao LIBERAL.
Mesmo se considerando uma pessoa forte, Elaine não esconde o sentimento de tristeza e insatisfação com o que sofreu.
Por conta da água sanitária, precisou raspar a cabeça e ficou com marca nos ombros. Apesar disso, ressalta o orgulho que tem de sua pele e de suas origens, e diz que não irá desistir da batalha contra o racismo.
“Eu nunca senti nada igual a esse momento. Eu nunca levei tanto tempo para processar uma coisa tão horrível. A única coisa que eu disse foi que aquela água sanitária não iria clarear a minha pele, porque eu sou negra de alma, sou negra de sangue e de ancestralidade”, completou Elaine.
Reincidência
Ela conta que não é a primeira vez que é vítima de racismo no prédio. A mulher tem, inclusive, uma medida protetiva contra uma moradora do condomínio, que deve manter dez metros de distância de Elaine e sua filha.
“Eu não mereço viver isso. Eu peço socorro. Gostaria de saber por que precisou chegar nesse ponto. Será que vai precisar que o meu corpo seja atirado na janela? Mais um corpo preto estendido? Estou cansada.”
Procurado, o condomínio informou que considera a situação lamentável e, após o caso, determinou que o zelador do prédio fique “muito atento” para monitorar possíveis novas situações semelhantes. Além disso, ressaltou estar atento para tomar as medidas punitivas previstas em regulamento caso seja identificada a autoria do ato.
Fonte: https://liberal.com.br/