Diante da escalada de assaltos nas proximidades de um condomínio localizado no bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo, moradores decidiram transformar uma ferramenta simples em um mecanismo de alerta coletivo: o apito.
A iniciativa partiu da síndica do prédio, que distribuiu 42 apitos aos condôminos com o objetivo de que, ao presenciarem uma tentativa de assalto nas redondezas, possam alertar as vítimas e, ao mesmo tempo, tentar inibir a ação criminosa com o barulho coordenado.
Apesar de Perdizes ser uma região tradicionalmente considerada segura, relatos de furtos e assaltos têm sido recorrentes, especialmente em vias de grande circulação como a Avenida Sumaré, a Rua Paulo VI e a Rua Capote Valente. Os moradores relatam que, de suas janelas e sacadas, frequentemente assistem a abordagens violentas, como motoristas sendo atacados no trânsito, vidros de carros quebrados e criminosos fugindo rapidamente em veículos de apoio.
“Os moradores viam os crimes acontecendo, mas não tinham como ajudar de forma imediata. O apito surgiu como uma forma de reação conjunta. É simbólico, mas faz barulho, chama atenção e, muitas vezes, desestabiliza os criminosos”, afirmou a síndica, que preferiu não se identificar.
As imagens de segurança registraram algumas dessas ações criminosas e também a resposta da comunidade, que agora reage com o chamado “apitaço” em situações de risco. Em alguns casos, os moradores chegaram a ser hostilizados ao gritar por ajuda ou tentar filmar os crimes, o que reforçou a necessidade de um recurso coletivo mais seguro e eficaz.
Embora dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) indiquem uma redução nos índices de criminalidade na região, com queda de 6,62% nos roubos e 7,51% nos furtos entre janeiro e julho de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior, a percepção de insegurança entre os moradores permanece alta.
A ação do condomínio demonstra que estratégias comunitárias simples podem ser poderosas aliadas da segurança. Especialistas em gestão condominial reforçam que a integração entre síndico, moradores e forças de segurança pública é fundamental para prevenir ocorrências e ampliar a vigilância sobre o entorno do empreendimento.
Além do uso dos apitos, os moradores continuam acionando a Polícia Militar sempre que há atividade suspeita e discutem, em assembleias, novas medidas para fortalecer a segurança local, incluindo reforço na iluminação externa, instalação de câmeras com alcance para a via pública e parcerias com outros condomínios da região.
O caso de Perdizes evidencia que segurança condominial vai além dos muros do edifício. A conscientização da comunidade e a disposição para agir coletivamente são elementos essenciais para a proteção de todos.
Fonte: G1