Material, que não tinha assinatura do autor, foi distribuído através da caixa de correspondências
Moradores de um condomínio de luxo, que fica na Avenida Paralela, em Salvador, receberam um jornal com conteúdo transfóbico, contrário à votação em urna eletrônica e à aplicação de vacina contra Covid-19.
O material ainda classifica como “distúrbio mental” qualquer gênero fora do masculino e feminino.
O jornal, chamado Redpill e Rapadura, foi colocado na caixa de correspondências dos moradores do condomínio, há cerca de 10 dias. O material não tem assinatura do autor.
O recebimento da publicação causou revolta de alguns moradores do condomínio. Há ainda xenofobia contra chineses. No material, o autor do jornal escreve textos com frases como “Está na hora de começarmos a nos questionar se o atual sistema eleitoral é positivo ou não” e “Se Deus é brasileiro? Há controvérsia. Agora, sobre o diabo ser chinês, não resta a menor dúvida”.
No dia 11 de agosto, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas reafirmou, em votação no plenário, as conclusões do relatório que classifica o sistema eletrônico das eleições brasileiras como “seguro e auditável”.
O mesmo documento da área técnica do TCU apontou que o voto impresso, defendido por Jair Bolsonaro e por parlamentares governistas, é oneroso, moroso e suscetível a fraudes.
De acordo com a auditoria, uma eventual alteração do sistema eleitoral para adoção do voto impresso pode trazer os seguintes riscos às eleições:
- redução da confiança no resultado e na integridade eleitoral;
- higidez do resultado passa a depender quase que integralmente dos mesários;
- facilitação da ocorrência de fraudes;
- filas e atrasos significativos na votação;
- atrasos na divulgação do resultado;
- problemas de acessibilidade, sobretudo para deficientes visuais;
- aumento de custos e desafios logísticos;
- ônus excessivo e aumento da intervenção das forças de segurança; e
- aumento do risco de quebra do sigilo do voto.
Conteúdo transfóbico e contra vacina
O conteúdo transfóbico do material também afirma que “Nós humanos, não temos gênero. Temos sexo. Masculino ou Feminino. Qualquer coisa além disso… É desvio moral ou distúrbio mental”.
O último texto escrito pelo autor do jornal ataca a campanha de vacinação contra a Covid-19.
“Mas o vírus, letal em apenas 0,2% dos casos, não pode ser chamado de arma biológica. Ele é apenas a desculpa perfeita para que seja usado algo muito mais perigosos numa massa de desinformados que aceita e aplaude a autodestruição. A vacina, ela sim, é a arma biológica”, afirmou.
https://g1.globo.com/