Um levantamento recente da Superlógica, divulgado pela Bloomberg Línea, revelou que os imóveis de alto padrão registram hoje as maiores taxas de inadimplência no mercado de locação. Em junho de 2025, os contratos com aluguel acima de R$ 13 mil atingiram 7,44% de inadimplência, o que representa aproximadamente um em cada treze locatários nessa faixa.
O índice preocupa o setor, já que supera com folga a média nacional da inadimplência em locações, que foi de 3,59% no mesmo período. Quando considerados apenas os imóveis de alto valor, incluindo apartamentos e casas, a inadimplência média foi de 6,54%.
De acordo com Manoel Gonçalves, diretor de Negócios para Imobiliárias da Superlógica, esse cenário se explica por uma série de fatores ligados tanto à dinâmica do mercado quanto ao comportamento financeiro dos locatários. Ele destaca que muitas imobiliárias deixam de exigir garantias como o seguro-fiança em contratos com valores elevados, acreditando que inquilinos de maior poder aquisitivo oferecem menor risco de inadimplência. Na prática, no entanto, os dados mostram que essa percepção nem sempre se confirma.
Outro ponto relevante é o perfil financeiro de famílias de alta renda, que costumam ter compromissos financeiros mais complexos. Em alguns casos, o atraso no pagamento do aluguel é uma escolha estratégica, já que a multa e os juros aplicados costumam ser mais baixos do que os encargos de dívidas como cartão de crédito ou cheque especial.
O estudo também identificou que a inadimplência é mais alta tanto entre os aluguéis mais caros quanto nos mais baratos. Imóveis com aluguel de até R$ 1.000 registraram inadimplência de 5,79%, enquanto a faixa intermediária, entre R$ 2.000 e R$ 3.000, apresentou os melhores resultados, com menor índice de atraso.
Esse cenário traz importantes implicações para o setor imobiliário. Especialistas apontam a necessidade de reforçar garantias financeiras, como seguro-fiança ou caução com valor proporcional ao risco, mesmo em contratos de alto valor. Além disso, é fundamental adotar estratégias de análise de crédito mais robustas e criteriosas.
Em casos de inadimplência persistente, a atuação jurídica adequada, com notificações formais e eventual ingresso de ação de despejo, conforme previsto na Lei do Inquilinato, torna-se indispensável.
A principal lição que o estudo reforça é clara: o valor do aluguel não determina o nível de risco. Em muitos casos, quanto mais alto o valor, maior a atenção que imobiliárias e administradores devem dedicar à seleção do inquilino e à gestão contratual.
Fonte: Superlógica