Um caso recente em Londrina (PR) acendeu um alerta importante para o setor condominial. Uma assistente administrativa de uma empresa responsável pela gestão de cerca de 40 condomínios na região confessou ter desviado mais de R$ 1 milhão em recursos dos clientes da administradora. O crime foi descoberto após o proprietário da empresa desconfiar da vida de luxo exibida por ela nas redes sociais.
A funcionária, identificada como Joelma Gonçalves Pinheiro, publicou fotos de eletrodomésticos de alto padrão, uma reforma residencial e até uma caminhonete. Após uma solicitação de prestação de contas, ela admitiu o desvio. As investigações indicam que ela contou com a ajuda do marido, José Carlos Pinheiro, também envolvido no esquema.
O casal chegou a ser preso temporariamente, mas responderá ao processo em liberdade pelos crimes de furto qualificado e fraude. A Polícia Civil segue apurando os fatos com base em documentos fornecidos pela administradora.
Governança e riscos para condomínios
O episódio escancara os riscos relacionados à falta de segregação de funções e à ausência de mecanismos robustos de controle nas administradoras de condomínios. Conforme especialistas em governança condominial, práticas preventivas podem reduzir significativamente a ocorrência de fraudes, como:
-
Separação de funções (lançamento, aprovação e conciliação por diferentes pessoas);
-
Conciliação bancária mensal, assinada pelo gestor e validada pelo conselho fiscal;
-
Exigência de notas fiscais e contratos para toda contratação de serviços ou obras;
-
Auditorias regulares, internas e/ou externas;
-
Uso de assinaturas digitais com autenticação forte e controle de acessos;
-
Transparência e comunicação contínua entre administradora, síndico e condôminos.
Além disso, é fundamental que síndicos exijam relatórios frequentes, com acesso facilitado a extratos e comprovantes, e que priorizem administradoras com histórico confiável e boas práticas comprovadas de gestão.
Proteção jurídica e financeira
Empresas do setor também devem considerar a contratação de seguros específicos, garantias contratuais (como cauções ou fianças) e a manutenção de fundos de reserva técnica para mitigar eventuais perdas causadas por desvios ou má gestão.
Casos como este reforçam a necessidade de cultura de controle e transparência no ambiente condominial. Mais do que detectar fraudes, o objetivo é prevenir, e isso só é possível com sistemas bem estruturados, profissionais capacitados e o envolvimento ativo dos síndicos e conselhos.
Fonte: Condomínio Interativo