A Justiça do Distrito Federal determinou o sequestro do apartamento de um ex-síndico acusado de desviar cerca de R$ 124 mil do Condomínio Grand Mercy Village, localizado na QS 5 do Areal, em Águas Claras. A decisão, assinada pela juíza Márcia Alves Martins Lobo, da 1ª Vara Cível da região, estabelece prazo de 15 dias para que o ex-gestor apresente defesa.
Rombo descoberto após transição de gestão
A suspeita de irregularidades surgiu em setembro, quando a nova síndica assumiu o comando do condomínio e se deparou com moradores cobrando uma reforma pendente. Ao revisar as contas, encontrou um quadro alarmante: débitos superiores a R$ 130 mil com as concessionárias de água e energia, além de inconsistências na movimentação financeira.
Mais de 100 Pix suspeitos e ausência de documentos
Segundo documentos apresentados à Justiça, o ex-síndico, Tiago Moreira de Oliveira, de 42 anos, teria realizado mais de 100 transferências via Pix da conta do condomínio para a própria conta pessoal. Os valores variavam entre R$ 1.170 e R$ 1.680, totalizando cerca de R$ 124 mil, todos sem justificativa formal.
A administração atual afirma que não foram encontrados balancetes, livros contábeis, notas fiscais ou quaisquer registros que comprovassem despesas, autorizações ou prestação de contas referente aos dois anos e meio de sua gestão.
Compra de iPhone com recursos do condomínio
Além das transferências, outra despesa chamou a atenção: a compra de um iPhone 16 para uso pessoal do ex-síndico. O aparelho teria sido adquirido sem aprovação dos condôminos, de forma parcelada, e o condomínio ainda estaria quitando as parcelas.
Com a soma dos atrasos, dívidas antigas e novos valores indevidos identificados, o rombo total pode ultrapassar R$ 200 mil. A administração busca renegociar contratos e ajustar o fluxo de caixa para evitar mais prejuízos.
Moradores terão de pagar taxa extra
Para regularizar as contas, os moradores deverão contribuir com uma taxa extra mensal de R$ 275 até meados do próximo ano. A estimativa é que cada unidade arque com aproximadamente R$ 3 mil para compensar o déficit deixado pela antiga gestão. A medida tem gerado forte insatisfação entre os condôminos, que relatam indignação e insegurança quanto ao futuro financeiro do residencial.
Imóvel bloqueado pela Justiça
Diante das evidências apresentadas, a juíza determinou o bloqueio do apartamento do ex-síndico como forma de garantir possível ressarcimento ao condomínio. Ele foi notificado oficialmente e terá 15 dias para apresentar sua defesa.
O ex-gestor reside no mesmo prédio e, segundo a reportagem original, chegou a atender uma ligação da emissora, mas desligou após a identificação e não retornou o contato.
Transparência é obrigação do síndico, reforçam especialistas
Especialistas em gestão condominial destacam que a prestação de contas deve ser mensal, detalhada e acompanhada de todos os documentos comprobatórios. Entradas, saídas e autorizações precisam constar nos balancetes apresentados aos moradores.
O consultor jurídico do Sindicato dos Condomínios reforça que o síndico tem responsabilidade legal e moral de agir em benefício da coletividade, conduzindo a administração com total transparência, princípio essencial para evitar conflitos, fraudes e prejuízos financeiros.
Fonte: G1





