Uma enfermeira identificada como Luciana Ponsiano denunciou ter sido vítima de racismo em Goiânia, após questionar a qualidade do serviço de uma diarista. O caso veio à tona após a divulgação de prints de conversas exibidos pela TV Anhanguera, nos quais a trabalhadora dirigiu ofensas raciais contra a profissional de saúde.
Segundo Luciana, a diarista foi contratada por indicação de uma vizinha. O valor da diária foi previamente combinado e pago via PIX. No dia do serviço, a diarista recusou o almoço oferecido pela cliente e afirmou que deixaria o local porque a residência estaria “muito limpinha” e não exigiria esforço.
Ao retornar ao imóvel, a enfermeira constatou falhas na faxina e gravou vídeos mostrando os ambientes ainda sujos. Após questionar o serviço, Luciana recebeu mensagens com ofensas de cunho racial. Em uma delas, a diarista afirmou: “Você é chata porque é de cor”. Ao ser questionada sobre preconceito, respondeu: “Demais, do seu jeito, sim, que reclama, que fica exigindo. A sua raça é isso aí, não se espera mais nada”.
Em outras mensagens, também utilizou expressões pejorativas como “cabelo de bombril” e acrescentou que “branco nunca me encheu tanto o saco”.
A diarista não teve a identidade revelada e, até a última atualização, não havia manifestação da defesa. O caso está sob investigação da Delegacia Estadual de Atendimento à Vítima de Crimes Raciais e de Intolerância Religiosa, que realiza diligências para apurar os fatos.
O presidente do Conselho de Direitos Humanos e Igualdade Racial de Goiás, Michael Félix, ressaltou que o racismo é crime no Brasil desde 1989, mas que ainda há dificuldades na aplicação da lei. “Essa implementação não ocorre de maneira fácil, principalmente por um entendimento superficial do que é o racismo, o que é injúria racial, o que é bullying e o que é apenas uma brincadeira”, destacou.
O episódio reforça a necessidade de conscientização sobre os direitos fundamentais e da denúncia imediata de práticas discriminatórias. Especialistas lembram que, no ambiente condominial, atitudes de intolerância e preconceito devem ser combatidas de forma rigorosa, garantindo a convivência respeitosa entre moradores, trabalhadores e visitantes.