Uma briga de condomínio que começou com um cachorro solto escancarou um possível escândalo envolvendo verba pública. O deputado federal Fábio Teruel (MDB-SP), morador do luxuoso Residencial Tamboré 1, em Barueri (SP), virou alvo de polêmica após expor nas redes sociais que teria encontrado o cão da cantora Simone Mendes, o border collie Jack, vagando “abandonado” pelas ruas do condomínio. A treta com a artista e seu marido, Kaká Diniz, virou uma briga pública, e trouxe à tona algo ainda mais grave: o deputado destinou R$ 2,2 milhões em emenda parlamentar justamente para recapear as ruas internas do condomínio onde ele e a cantora vivem.
O caso provocou indignação nas redes e acendeu o alerta sobre o uso de dinheiro público para beneficiar um condomínio fechado de altíssimo padrão, com casas avaliadas em até R$ 50 milhões e moradores famosos como Simone, Deolane Bezerra e Fiuk. A emenda de Teruel, uma chamada “emenda PIX”, foi enviada diretamente à prefeitura de Barueri e incluída no pacote de obras que começou no final de 2024.
Briga canina virou bomba política
O estopim do escândalo foi o vídeo postado por Teruel em tom de indignação, denunciando o suposto “abandono” do cachorro da cantora. A postagem viralizou. Kaká Diniz, marido e empresário de Simone, rebateu dizendo que o cão apenas tinha escapado e chamou o deputado de oportunista, acusando-o de usar o episódio para ganhar holofote e votos: “Quer fazer mídia com o nosso cachorro?”, disparou.
A discussão virtual cresceu, com indiretas e acusações de todos os lados, mas o que ninguém esperava é que, em meio à “treta”, surgisse um detalhe explosivo: a rua onde o cão foi visto é uma das vias que estão sendo recapeadas com verba federal enviada por Teruel.
Emenda em benefício próprio?
Especialistas apontam que, embora tecnicamente legal, o envio de emenda parlamentar para obras em um condomínio de acesso controlado pode configurar improbidade administrativa se houver benefício direto ao parlamentar. E neste caso, o conflito de interesses é evidente: o deputado não apenas mora no condomínio como também teve participação ativa na articulação das obras.
A prefeitura de Barueri afirma que o investimento faz parte de um plano maior de manutenção da cidade, mas não explicou por que as ruas de um dos condomínios mais caros da Grande São Paulo entraram na lista de prioridades.
Além disso, o próprio Teruel já havia enviado outras emendas suspeitas, como uma de R$ 2 milhões para um conjunto habitacional em Elias Fausto (SP) que acabou sofrendo danos estruturais pouco tempo após a inauguração. Esse caso está sendo investigado pelo Ministério Público Federal.
Condomínio de famosos com verba federal
O Residencial Tamboré 1 é praticamente uma “ilha VIP”: portarias com segurança armada, quadras, praças e mansões com até 3 mil metros quadrados. O que revoltou moradores de outras áreas da cidade foi saber que ruas de bairros populares seguem esburacadas, enquanto vias internas de um condomínio milionário estão recebendo asfalto novinho pago com dinheiro público.
Apesar da repercussão, até agora nem o deputado Fábio Teruel nem a cantora Simone Mendes deram novas declarações sobre o uso da emenda. A prefeitura também não detalhou os critérios para incluir o condomínio nas obras.
Resumo da polêmica:
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Deputado e Simone Mendes brigam por causa de cachorro solto no condomínio.
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Descobre-se que Teruel destinou R$ 2,2 milhões para recapear ruas do condomínio onde mora.
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Especialistas apontam possível uso indevido de verba pública.
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O Tamboré 1, reduto de milionários, virou símbolo de privilégio com dinheiro federal.
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Outro repasse do deputado já está sob investigação do MPF.