Pelo menos quatro condomínios na Grande São Paulo acumulam dívidas milionárias decorrentes de uma suposta fraude envolvendo uma ex-síndica e uma administradora de imóveis. Os casos, registrados em municípios como Osasco e Carapicuíba, revelam um padrão de irregularidades que comprometeu não apenas as finanças dos empreendimentos, mas também a prestação de serviços essenciais, como abastecimento de água.
Nos relatos, moradores denunciam que a então síndica, que também era sócia da administradora contratada, teria emitido extratos bancários falsos, manipulado recibos e realizado transferências indevidas para contas vinculadas à própria empresa. Em Osasco, um dos condomínios afetados já soma mais de R$ 4 milhões em dívidas com tributos municipais, como o IPTU. Já em Carapicuíba, os moradores enfrentam corte de água por conta de uma dívida de R$ 1,2 milhão com a concessionária.
A empresa responsável pela administração dos condomínios é a Camargo Administradora, cuja sócia principal, Carina Franco, também exercia a função de síndica em alguns dos empreendimentos. De acordo com documentos apresentados por moradores, há indícios de adulteração de extratos bancários e desvio de verbas via PIX para contas em nome da própria empresa. Após o surgimento das suspeitas, Carina foi afastada da gestão.
Procurada pela reportagem, Carina Franco não foi localizada nos endereços informados e não atendeu às ligações. Em nota, seu advogado negou qualquer prática irregular por parte da cliente e afirmou que as acusações são “precipitadas e infundadas”, prometendo colaborar com eventuais investigações.
Enquanto isso, os moradores seguem tentando reorganizar a administração dos condomínios, enfrentando dívidas acumuladas, negociações com credores e o impacto direto na rotina dos prédios. Em alguns casos, serviços essenciais foram interrompidos, e obras de manutenção precisaram ser suspensas.
Especialistas em direito condominial alertam para a necessidade de maior controle sobre as gestões internas. A recomendação é que os conselheiros realizem auditorias frequentes, acompanhem de perto as movimentações financeiras e exijam transparência nos processos administrativos. A supervisão jurídica permanente também é vista como um pilar fundamental para evitar fraudes.
Casos como esse reforçam a importância da separação clara entre síndico e administradora, além da fiscalização ativa por parte dos moradores e conselheiros. Para muitos condomínios, a busca por profissionalização na gestão deixou de ser uma escolha e se tornou uma medida de sobrevivência financeira e legal.
Fonte: G1