A individualização de água e gás em condomínios está se consolidando como uma das estratégias mais eficazes para combater o desperdício e promover o uso racional dos recursos naturais. A prática, que consiste em medir separadamente o consumo de cada unidade habitacional, vem gerando resultados expressivos em todo o país e ajudando cidades a se aproximarem de metas ambientais cada vez mais ambiciosas.
De acordo com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do IBGE, o consumo médio residencial no Brasil é de cerca de 154 litros de água por habitante ao dia. Entretanto, estudos da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) apontam que, em edifícios com medição individualizada, o consumo cai entre 25% e 50%. A mudança ocorre por dois motivos principais: o aumento da consciência dos moradores sobre seu próprio gasto e a detecção precoce de vazamentos, que passa a ser facilitada com a medição por unidade.
Economia expressiva e impacto ambiental
Em um condomínio com 100 apartamentos e quatro moradores por unidade, a economia potencial pode chegar a 4,4 milhões de litros de água por ano, volume suficiente para abastecer 70 famílias por mês. Já no consumo de gás, a redução média é de 20%, o que evita a emissão de cerca de 6 toneladas de dióxido de carbono (CO₂) anuais, segundo o fator de emissão da CETESB para o gás natural.
Esses números revelam que a individualização é mais do que uma questão de economia financeira: trata-se de uma ferramenta de gestão ambiental que contribui diretamente para os objetivos de sustentabilidade urbana. A prática reforça políticas públicas como o Plano Nacional de Mudanças Climáticas e o Programa Município VerdeAzul, que estimulam o uso racional dos recursos naturais e a redução de emissões nas cidades brasileiras.
Mudança de comportamento e cultura sustentável
De acordo com Umberto Caruso, especialista em gestão hídrica, o impacto da individualização vai além da economia imediata.
“Quando cada morador visualiza seu próprio consumo, o comportamento muda. A individualização transforma hábitos e gera um impacto ambiental positivo para toda a cidade”, afirma Caruso.
Ele ressalta que a conscientização é o principal efeito colateral positivo da medição individual:
“A tecnologia pode ser a base do sistema, mas o que realmente transforma é a percepção do consumidor. As pessoas passam a compreender o valor real da água e do gás que utilizam”, explica o especialista.
Apoio às metas de sustentabilidade urbana
A individualização também se encaixa nos compromissos assumidos pelo Brasil em acordos climáticos internacionais, ao reduzir a pressão sobre os sistemas de abastecimento e contribuir para a mitigação das emissões urbanas. Em municípios que enfrentam escassez hídrica, a prática tem se mostrado uma alternativa viável para equilibrar a demanda e prolongar a vida útil dos mananciais.
Além disso, especialistas do setor defendem que a medição individual tende a se tornar obrigatória em novas construções residenciais nos próximos anos, tanto por exigências ambientais quanto por demanda dos próprios consumidores, cada vez mais atentos à sustentabilidade e à justiça no rateio das despesas condominiais.
Caminho sem volta para cidades mais sustentáveis
A individualização de água e gás representa, portanto, uma mudança estrutural e cultural na forma como os condomínios brasileiros consomem e gerenciam seus recursos. Ao responsabilizar cada morador por seu próprio uso, cria-se uma cadeia de conscientização que ultrapassa os muros do condomínio e se reflete em toda a cidade.
Como resume o especialista Umberto Caruso:
“Estamos diante de uma transformação que começa dentro de casa e se estende para a sociedade. O consumo consciente é a base de uma cidade mais sustentável — e a individualização é um passo essencial nesse caminho.”
Com benefícios ambientais, econômicos e sociais, a individualização de água e gás surge como uma das principais aliadas na construção de um futuro urbano mais eficiente, responsável e resiliente.





