O mercado imobiliário nacional observou uma desaceleração nas vendas de apartamentos residenciais durante o terceiro trimestre de 2025. O levantamento da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), em parceria com a consultoria Brain Inteligência Estratégica, indica que o número de novas unidades lançadas superou o de unidades vendidas, resultando em um estoque crescente de imóveis no país.
O descompasso entre lançamentos e vendas no trimestre
Entre julho e setembro de 2025, o setor de apartamentos em 221 cidades apresentou um desequilíbrio na dinâmica de oferta e demanda:
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Vendas em Queda: As vendas totalizaram 101,3 mil unidades negociadas, o que representa um recuo significativo de 6,5% em relação ao mesmo período de 2024.
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Lançamentos em Alta: A oferta de novas unidades residenciais, por sua vez, cresceu 1,6%, atingindo 108,8 mil unidades lançadas no trimestre.
Esse descompasso entre a alta oferta e a queda na demanda é o fator primário para o aumento do estoque.
Estoque e Liquidez: tempo de giro aumenta
O resultado desse desequilíbrio foi a extensão do tempo de giro (liquidez) dos imóveis no mercado:
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Estoque Total: O volume de unidades disponíveis para venda (na planta, em obras ou recém-construídas) cresceu 3,3% na comparação anual, somando 312,5 mil unidades.
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Tempo de Giro: O indicador de liquidez subiu de oito meses (no 2º trimestre) para nove meses. Este dado é crucial e sinaliza que, na média de vendas dos últimos 12 meses, os apartamentos estão levando mais tempo para serem absorvidos.
Crescimento mantido no acumulado do ano
Apesar da desaceleração trimestral, o balanço geral consolidado de janeiro a setembro de 2025 ainda demonstra a força do setor nos primeiros nove meses:
| Indicador | Volume (Jan-Set/2025) | Crescimento Anual |
| Lançamentos Acumulados | 307,3 mil unidades | +8,4% |
| Vendas Acumuladas | 312,2 mil unidades | +5,0% |
| Volume Financeiro Lançamentos | R$ 199 bilhões | +22,9% |
| Volume Financeiro Vendas | R$ 188,7 bilhões | +13,2% |
Vale ressaltar que o preço médio dos imóveis vendidos acompanhou a alta do volume financeiro, registrando um aumento de 4,4% no acumulado do ano.
Esses dados apontam para a necessidade de que construtoras e incorporadoras ajustem suas estratégias para lidar com um estoque crescente e um mercado que mostra sinais de menor velocidade de negociação de apartamentos.

Para o gerente comercial e corretor de imóveis, Leandro Alves, os números da pesquisa refletem o panorama de procura por imóveis do período: “O aumento do tempo de giro para 9 meses indica que o mercado está mais lento: há mais oferta do que demanda imediata. Na prática, significa que os imóveis estão levando mais tempo para encontrar compradores, exigindo ajustes de preço, estratégias mais assertivas de divulgação e maior flexibilidade nas negociações”.
Apesar da baixa, os indicadores não preocupam o setor, ao menos é o que complementou Leandro: “O cenário aponta mais para um ajuste natural do mercado do que para um movimento pontual. Com o ritmo de vendas mais lento e maior estoque, a tendência é de estabilização e ajustes de preço em alguns segmentos até que a demanda volte a ganhar força”.





