Diante do avanço da criminalidade e da sensação de insegurança que atinge tanto áreas urbanas quanto regiões periféricas, o uso de torres de vigilância com câmeras de alta precisão tem crescido de maneira significativa no Brasil. Antes restritas a condomínios residenciais e prédios empresariais, essas estruturas agora são cada vez mais comuns também em centros logísticos, polos industriais e empreendimentos corporativos, onde há intensa circulação de pessoas, veículos e cargas de alto valor.
No entanto, o simples investimento nesse tipo de equipamento não garante, por si só, um aumento efetivo da segurança. A eficiência das torres de vigilância, segundo especialistas, depende diretamente da integração com todo o sistema de controle de acesso e com outras soluções tecnológicas de proteção ativa e preventiva.
Integração é o ponto-chave para a eficácia do sistema
De acordo com Marco Barbosa, diretor da Came do Brasil, empresa italiana líder em soluções de controle de acesso, as torres de vigilância são ferramentas valiosas, mas seu potencial só se realiza quando estão conectadas a outros equipamentos que formam um ecossistema completo de segurança.
“As torres equipadas com câmeras de alta definição e, idealmente, integradas a bancos de dados inteligentes ou à polícia, ajudam a inibir a ação criminosa. Porém, elas só são realmente eficazes se fizerem parte de um sistema de controle de acesso que opere de forma conjunta, restringindo o fluxo nas portarias e atuando de modo preventivo”, explica Barbosa.
O executivo ressalta que a integração entre os equipamentos é fundamental para uma resposta rápida e coordenada em caso de incidentes. “Quando o operador identifica algo anormal pelas câmeras, ele pode, à distância, acionar cancelas, portões, catracas e até dispositivos de segurança de alto impacto, como bollards e garras de tigre, que impedem a passagem de veículos em fuga ou tentativa de invasão”, detalha.
Mercado de segurança eletrônica cresce em ritmo acelerado
O aumento na adoção dessas tecnologias reflete também um cenário de expansão do mercado de segurança eletrônica no país. Segundo o levantamento Panorama 2024/2025, da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o setor movimentou cerca de R$ 14 bilhões em 2024, um crescimento de 16,1% em relação ao ano anterior.
Esse avanço é impulsionado pela baixa confiança da população e das empresas nos mecanismos públicos de segurança. Apesar de o Brasil ter investido R$ 153 bilhões em segurança pública em 2024, um aumento de 6,1% em relação a 2023, a percepção de insegurança segue em alta.
“Vivemos um problema crônico de violência. O crime organizado se fortaleceu, e a sensação de impunidade é crescente. Quando o Estado não consegue oferecer proteção adequada, as pessoas e as empresas buscam alternativas próprias de segurança”, afirma Barbosa.
Tecnologia e conectividade a serviço da proteção
Entre as ferramentas que potencializam o uso das torres de vigilância está o Came Connect, plataforma que permite o gerenciamento remoto de equipamentos de segurança. Por meio de um aplicativo, os controladores podem monitorar o status dos dispositivos em tempo real, receber alertas automáticos sobre atividades suspeitas e até intervir diretamente nas operações de portaria e controle de acesso.
“A tecnologia Came Connect permite acionar portões, cancelas e barreiras à distância, aumentando a capacidade de resposta e garantindo mais eficiência na operação integrada do sistema de vigilância”, explica o diretor.
Além disso, o aplicativo ajuda na manutenção preventiva dos equipamentos, reduzindo falhas operacionais e aumentando a durabilidade do sistema.
Respeito à privacidade e à legislação
O avanço das torres de vigilância também traz desafios relacionados à privacidade e à proteção de dados. As empresas que fabricam e operam esse tipo de equipamento devem seguir rigorosamente as normas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo que as imagens captadas sejam utilizadas apenas para fins de segurança e investigação.
Barbosa reforça que a transparência é essencial:
“É fundamental que haja clareza sobre o uso das imagens e respeito à individualidade das pessoas. Ao mesmo tempo, é inegável a importância dessas torres para flagrar criminosos e contribuir com a atuação das forças de segurança”, ressalta.
Parcerias entre setor público e privado ampliam a vigilância
O poder público vem reconhecendo a importância das parcerias com o setor privado para ampliar a cobertura de vigilância nas cidades. Em outubro de 2025, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou um projeto de lei que autoriza o compartilhamento de imagens captadas por câmeras privadas com as autoridades, fortalecendo as estratégias de prevenção e investigação de crimes.
Modelos semelhantes já funcionam em São Paulo, com iniciativas como o Smart Sampa, que reúne mais de 40 mil câmeras conectadas à central de monitoramento da prefeitura, e o Muralha Paulista, do governo estadual, que integra sensores e câmeras de particulares à base de dados da segurança pública.
Essas parcerias permitem maior integração de informações e respostas mais ágeis em situações de emergência, contribuindo para o combate ao crime de forma colaborativa.
Demanda crescente e expansão industrial
O cenário de violência e o aumento da demanda por soluções tecnológicas levaram a Came do Brasil a expandir suas operações. A empresa, que dobrou de tamanho nos últimos quatro anos, transferiu recentemente sua sede para Indaiatuba (SP), onde opera uma nova unidade fabril com maior capacidade produtiva e estrutura logística aprimorada.
Mesmo com o crescimento, a demanda continua em alta. “Estamos trabalhando intensamente para atender ao volume de solicitações vindas de condomínios, centros de distribuição, empresas e empreendimentos comerciais. A busca por segurança hoje é prioridade em todos os segmentos”, afirma Barbosa.
Conclusão
O aumento do uso de torres de vigilância no Brasil reflete a busca constante por soluções inovadoras de segurança, em um contexto de desafios sociais e criminais complexos. No entanto, especialistas reforçam que a verdadeira eficácia desses equipamentos não está apenas na tecnologia isolada, mas na integração e na inteligência com que são aplicados.
Mais do que vigiar, a segurança moderna deve atuar de forma preventiva, conectada e inteligente — garantindo proteção, eficiência e respeito à privacidade dos cidadãos.
Fonte: Came do Brasil / Abese / Portal Universo Condomínio





